FOLHA DE S. PAULO DIVULGA DADOS INÉDITOS DO MAPA DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO SOBRE VIOLÊNCIA VICÁRIA

Nova seção da plataforma traz dados sobre a violência contra brasileiras no exterior.

Os consulados brasileiros registraram 904 casos de violência vicária, que é a violência contra a mulher por meio da agressão a terceiros, durante o ano de 2023. A informação faz parte da nova atualização do  Mapa Nacional da Violência de Gênero, projeto viabilizado pelo  Instituto Avon, incorporado pelo Instituto Natura em julho deste ano, o Senado Federal e a Gênero e Número.

A plataforma traz uma nova seção repleta de dados inéditos que foram possibilitados por meio de uma colaboração entre o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Senado Federal. As informações foram coletadas em 186 repartições consulares, incluindo embaixadas com serviços consulares, consulados-gerais, consulados e vice-consulados.

Para Daniela Grelin, diretora executiva de Direitos e Saúde das Mulheres e Comunicação Institucional do Instituto Natura, "esses dados ampliam o nosso olhar sobre a violência doméstica e familiar contra as brasileiras para uma esfera global, reconhecendo a violência vicária como uma forma de agressão particularmente nociva às residentes no exterior. Além disso, esses números ressaltam a importância das medidas de proteção e suporte consular direcionado para essas mulheres, como o Espaço da Mulher Brasileira, disponível em algumas repartições consulares, propondo um acolhimento seguro, serviços especializados e personalizados para suas necessidades.”

 

Violência Vicária é destaque na Folha de S.Paulo

O jornal Folha de S.Paulo, um dos mais importantes veículos de mídia do país, trouxe com exclusividade informações sobre violência vicária divulgados pelo Mapa da Violência.

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Em 2023, as repartições consulares ao redor do mundo registraram 808 casos de disputa de guarda e 96 casos de subtração de menores, ambos classificados como violência vicária. Os dados revelam um ranking com os números de atendimentos registrados por país, que leva em consideração os países com as maiores comunidades de brasileiras. Entre os casos de subtração de menores, Portugal lidera o ranking com 18 registros, seguido de Estados Unidos, com 13, Itália, com 11, Líbano, com 5 e Reino Unido, com 4. Já com relação ao índice de disputa de guarda, as comunidades brasileiras na Alemanha saem na frente com 200 registros. Na sequência, estão Portugal com 181, Itália com 110, Reino Unido com 52 e Estados Unidos, fechando com 48 casos.

"A inclusão de dados sobre violência vicária no Mapa representa um avanço significativo na transparência dessas informações. O Senado reafirma seu compromisso de dar visibilidade ao problema e de fornecer insumos para a criação de políticas públicas eficazes. Esses dados são mais que números, são um alerta para a necessidade de trazer o tema ao centro do debate público”, destaca Elga Lopes, Diretora de Transparência do Senado Federal.

O conceito de violência vicária, introduzido em 2012 pela psicóloga argentina Sonia Vaccaro, refere-se à prática de prejudicar terceiros, geralmente filhos, com o objetivo de causar sofrimento à mulher. Este é um tipo de violência contra a mulher que muitas vezes não é discutido, mas que permeia em diversos contextos. Alguns sinais que podem indicar o início de violência vicária incluem ameaças de retirada da guarda dos filhos, recusa no pagamento de pensão sob a alegação de que o dinheiro não beneficia a criança e chantagens emocionais que usam a criança como instrumento.

Para a Senadora e Procuradora Especial da Mulher no Senado Federal, Zenaide Maia, esses números são essenciais para o enfrentamento a violência contra as mulheres no que vivem fora do Brasil. "Os dados revelados pelo Mapa Nacional da Violência de Gênero são um marco na luta por justiça e proteção às mulheres brasileiras no exterior. Vejo essa atualização como essencial para dar visibilidade a um tipo de violência devastador, que exige atenção urgente e ações concretas."

Clique aqui conferir os dados de destaque da nova seção do Mapa da Violência sobre violência contra brasileiras no exterior, com informações oficiais do Ministério das Relações Exteriores.

 

Mapa Nacional da Violência de Gênero

Lançado em novembro de 2023, o Mapa Nacional da Violência de Gênero é uma plataforma interativa que reúne os principais dados nacionais públicos e indicadores de violência contra as mulheres do Brasil, incluindo a Pesquisa Nacional de Violência contra as Mulheres -- a mais longa série de estudos sobre o tema no país. Dos dias 21 de agosto a 25 de setembro de 2023, 21.787 mulheres de 16 anos ou mais foram entrevistadas por telefone, em amostra representativa da opinião da população feminina brasileira.

"O Mapa nasceu com o propósito de tornar visíveis e acessíveis os dados públicos. Com essa nova atualização, estamos destacando uma realidade ainda pouco discutida: a violência de gênero enfrentada pelas brasileiras que vivem fora do país. Sem esses dados, não conseguimos dimensionar a verdadeira extensão do problema nem direcionar o apoio adequado a essas mulheres. Acreditamos que a transparência e a qualidade dos dados são essenciais para que nenhuma brasileira seja deixada para trás”, completa Vitória Régia da Silva, presidente e diretora de conteúdo da Gênero e Número.