INSTITUTO AVON LANÇA GUIA DE BOAS PRÁTICAS EM NAVEGAÇÃO DE PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA NO BRASIL
Material foi apresentado em live com especialistas, marcando o Dia Mundial do Câncer.
“A navegação de pacientes é um exercício de amor”. Assim resumiu o Dr. Carlos Alberto Ruiz, Mastologista, Diretor do Departamento de Ações Sociais e Direito da Mulher da SBM e Presidente de Honra da UNACCAM, ao falar sobre a navegação de pacientes com câncer de mama na live de lançamento do Guia de boas práticas em navegação de pacientes com câncer de mama no Brasil.
O material - uma criação coletiva do Instituto Avon com as entidades APCAM, FEMAMA, Instituto Oncoguia, Sociedade Brasileira de Mastologia e Roche e a Dra. Sandra Gioia, foi desenvolvido em formato de e-book com o intuito de organizar conceitos básicos de navegação e permitir que mais projetos sejam replicados pelo país.
A navegação de pacientes e o papel do navegador
Realizada em dois blocos, a live trouxe informações importantes sobre essa metodologia social que acompanha, acolhe e facilita a jornada da mulher como paciente e a apoia a enfrentar barreiras desde o diagnóstico e ao longo de todo o tratamento. O primeiro bloco, mediado por Tatiana Kim, Gerente Parceira de Experiência do Paciente na Roche, trouxe um panorama da navegação de pacientes no Brasil, sua importância para a jornada da oncologia e informações sobre o papel fundamental do navegador de pacientes.
“O tema da navegação surgiu há quase uma década e meia, quando idealizamos o Brazilian Breast Cancer Simposium, evento científico para mostrar o trabalho do pesquisador brasileiro. Mas percebemos que faltava um espaço para que as entidades e organizações expusessem as ações de direcionamento à saúde pública que poderiam ser replicadas”, explicou o Dr. Ruffo de Freitas Junior, Mastologista e Oncologista, professor da Faculdade de Medicina da UFG, coordenador do Centro Avançado do Diagnóstico da Mama da Universidade Federal de Goiás e representante da APCAM, ao falar sobre o Fórum de Iniciativas Inovadoras no Controle do Câncer de Mama e a materialização desse e-book.
Para compreender a aplicação e os impactos da metodologia na jornada de pacientes, é preciso conhecer o fundamental papel do navegador. Para a enfermeira navegadora Fernanda Pautasso, mestre em Ensino na Saúde pela UFCSPA, doutoranda em Enfermagem pela UFRGS, especialista em Administração Hospitalar e Terapia Intensiva na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, “o navegador eleva a experiência do paciente ao transmitir segurança, confiança na equipe profissional e entendimento dos procedimentos, gerando maior adesão ao tratamento e o entendimento de que ele não está sozinho, com o cuidado de uma equipe multidisciplinar centrado nele”.
Segundo a Dra. Maira Caleffi, Mastologista Chefe do Hospital Moinhos de Vento - RS, Presidente Voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – FEMAMA, líder do Comitê Executivo do City Cancer Challenge Porto Alegre – RS e do ICCI-LA (Integrated Cancer Control Initiative for Latin America), o e-book ajudará na formação dos alunos dos cursos EAD da Universidade FEMAMA, que desenvolve e capacita navegadores para acompanhar e facilitar a jornada de pacientes. “Vamos desenvolver um curso de treinamento baseado nas boas práticas desse guia”, completou.
Implementação de políticas públicas
O segundo bloco da live, mediado por Renata Rodovalho, coordenadora de Parcerias do Instituto Avon, falou sobre o impacto da metodologia na superação das barreiras enfrentadas pelas pacientes no SUS, por meio da implementação de políticas públicas. “O Instituto Avon atua na causa do câncer de mama há mais de 18 anos e a navegação tem se revelado uma ferramenta fundamental para ampliarmos o acesso ao diagnóstico precoce da doença e reduzirmos as desigualdades no atendimento às pacientes no SUS e no sistema privado”, afirmou Renata, ao compartilhar os resultados do projeto-piloto desenvolvido há dois anos em São João do Meriti -RJ, em parceria com a fundação Laço Rosa e a Dra. Sandra Gioia, que ampliou em 82% o cumprimento da Lei dos 60 dias para início do tratamento.
O piloto inspirou a aprovação de um projeto de lei no município do Rio de Janeiro que institui a Navegação de Pacientes como política pública de saúde e, atualmente, tramitam mais dois projetos de lei, um na Assembleia Legislativa de São Paulo e outro na Câmara dos Deputados, ambos com apoio do Instituto Avon para que a metodologia seja implementada no SUS.
“Precisamos de um sistema de saúde que preze pela equidade, e o que mais vemos são as desigualdades sociais como um peso no processo de diagnóstico precoce. Ter alguém que pegue na mão, que olhe nos olhos, que caminhe ao seu lado iluminando o trajeto, é único e faz toda a diferença. O impacto disso veremos lá na frente, quando conseguirmos mudar, por exemplo, o estadiamento do câncer no Brasil para estágios mais precoces”, afirmou Luciana Holtz, psicóloga, psico-oncologista e especialista em Bioética, Empreendedora Social Fellow Ashoka e Fundadora e Presidente do Instituto Oncoguia. Para ela, o segredo do sucesso da metodologia está na parceria e colaboração em rede, antecipando que o Instituto Oncoguia foi selecionado como programa-piloto pela American Cancer Society para o lançamento de um novo kit global de navegação de pacientes.
O papel do navegador na solução das barreiras enfrentadas pelo paciente no processo de diagnóstico e tratamento foi reforçado pela Dra. Rosemar Macedo, Mastologista, Professora da Universidade Federal de Goiás e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia - triênio 2000/2022. Para ela, o objetivo do navegador é conectar todos os setores do sistema de saúde para tornar mais fácil e acessível a jornada do paciente. Para isso, o navegador precisa compreender quais são as necessidades e dificuldades, identificar as barreiras existentes e entender o sistema de saúde no qual ele está atuando. “A partir daí, ele vai conseguir estabelecer estratégias para facilitar essa caminhada para que o paciente não perca tempo, porque sabemos que o tempo faz uma grande diferença para o prognóstico e a curabilidade do paciente. Muitas vezes, com uma ação simples, ele consegue resolver um grande problema”, afirmou.
Para o Dr. Carlos Alberto Ruiz, mastologista, diretor do Departamento de Ações Sociais e Direito da Mulher da SBM e Presidente de Honra da UNACCAM, a navegação de pacientes é fundamental para estabelecer a equidade no tratamento oncológico entre pacientes do SUS e do sistema privado de saúde. Segundo ele, as grandes disparidades ocorrem nos extremos, como nos casos de diagnósticos de câncer metastático ou tumores em nível avançado, em que as pacientes do SUS enfrentam mais dificuldades em relação ao acesso às medicações e precocidade no tratamento em comparação às atendidas pelo sistema privado. O navegador tem, portanto, o fundamental papel de guiá-la desde o início para que se estabeleça o diagnóstico precoce por meio de exames e biópsias, o que ajuda a garantir a equidade e o sucesso do tratamento em qualquer um dos sistemas de saúde. “Para isso, o navegador precisa conhecer profundamente todas as variáveis e obstáculos porque o que a gente não conhece, a gente não administra”, concluiu.
Saiba mais
· Materiais sobre navegação de pacientes: além do e-book de boas práticas, acesse um folheto explicativo sobre a metodologia e o modelo de projeto de lei de navegação de pacientes.
· Informações e orientações sobre câncer: entre em contato com o Canal Ligue Câncer do Oncoguia, no 0800 773 1666, que oferece atendimento gratuito de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 10h às 17h.