Instituto Avon lança pesquisa sobre o impacto econômico do câncer de mama em SP

Gastos na cidade de São Paulo devem aumentar 282 milhões de reais até 2022

Em mais uma campanha global de combate ao câncer de mama, o Instituto Avon, em parceria com a EIU (The Economist Intelligence Unit), apresenta uma pesquisa* inédita sobre o “Impacto Econômico do câncer de mama no município de São Paulo”. Os dados, apresentados durante o 5o Congresso TJCC (Todos Juntos contra o Câncer), projetam que, até 2022, serão gastos R$ 1,1 bilhão referente aos custos diretos (tratamentos) e indiretos (perda de produtividade) em todos os estágios do câncer de mama. Esta estimativa é baseada na extrapolação de tendências históricas relativas ao crescimento da população e seu perfil demográfico, a incidência de câncer e os custos per capita com serviços de saúde.

 

O estudo estima que o fardo econômico do câncer de mama para o município de São Paulo está na ordem de R$ 880 milhões. Isto inclui R$ 861 milhões de custos com tratamentos e R$ 19,5 milhões referentes ao impacto causado no mercado de trabalho por conta de abstenções e mortalidade prematura das mulheres diagnosticadas. Além do aspecto econômico, o levantamento mostra uma queda de produtividade na vida de milhares de mulheres em idade de atividade profissional.

 

Outro dado de destaque são as diferenças entre os setores público e privado para o tratamento de câncer de mama, refletindo as distinções nos protocolos de tratamento e nos recursos disponíveis nas respectivas redes de atendimento. Enquanto os custos diretos para o setor público em São Paulo são estimados em R$269 milhões, no setor privado estão na ordem de R$592 milhões.

 

A pesquisa revela também que no setor público 63% das mulheres são diagnosticadas precocemente nos estágios 0, I ou II, enquanto no privado este número equivale a 80%.

 

Benchmark

A pesquisa traz também dados de benchmark com o fim de identificar boas práticas que possam ser estudadas e avaliadas. A Austrália foi escolhida por estar entre os dois países com as melhores taxas de sobrevivência após 5 anos e por guardar certas similaridades com Brasil. No país, a adesão ao programa nacional de rastreamento assintomático é de 56%, resultando em um declínio acentuado na mortalidade atribuível ao câncer de mama: de 19% em 1982 para 6,5% em 2016.

 

Segundo o Dr. Bruce Mann, Professor de Cirurgia da Universidade de Melbourne e Diretor do Breast Tumor Stream, se olharmos para as melhorias de sobrevida nos últimos 30 anos, as duas questões críticas são o diagnóstico precoce e melhor tratamento da equipe multidisciplinar, ambos trabalhando juntos para que o sistema ofereça melhores resultados.

 

Diagnóstico Precoce

Em São Paulo, cerca de um terço (33%) dos casos de câncer de mama no setor público são diagnosticados quando são considerados localmente avançados (estágio III) e 6% quando são metastáticos (estágio IV). Isto significa que o diagnóstico tardio corresponde a 39% dos casos na saúde pública. Comparativamente, os dados de 2011 correspondentes na Austrália são 13% (estágio III) e 5% (estágio IV). Esta diferença provavelmente seja um dos fatores explicativos para a disparidade na taxa de sobrevida após 5 anos nos dois países: cerca de 75% no Brasil e 90% na Austrália no período de 2010-2014.

 

Impacto no mercado de trabalho

Os custos associados à perda de produtividade, decorrente da incapacitação temporária das mulheres com câncer de mama são substanciais e foram calculados considerando o absenteísmo estimado de acordo com o estágio do diagnóstico. No Brasil, somente em 2018, foram estimados em R$10 milhões. Estes impactos poderiam ser menores se mais mulheres fossem diagnosticadas em fase inicial recebessem apoio para retomar suas atividades profissionais.

 

“A mensagem econômica é clara: o câncer de mama afeta muitas mulheres em idade economicamente ativa e os custos de perda de produtividade são altos. Trazer essa informação à tona é importante para que as empresas possam se apropriar de seu papel na resolução deste desafio social e conceber iniciativas de acesso ao diagnóstico precoce, de acolhimento da mulher em tratamento e de apoio ao seu retorno ao ambiente de trabalho”, ressalta Daniela Grelin, diretora Executiva do Instituto Avon.

 

Obstáculos no combate ao câncer de mama

As políticas de triagem, que são imprescindíveis para o diagnóstico e tratamento do câncer de mama, são inconsistentes no Brasil e aplicadas de maneiras distintas nos diferentes municípios. Não não há sistemas para manter um registro de mulheres elegíveis ao rastreamento e que emita convites de rotina para a triagem no momento certo. Isso exigiria um investimento maior por parte das autoridades responsáveis e as decisões sobre se e como oferecer o rastreamento requerem um levantamento de benefícios e riscos associados.

 

Algumas evidências sugerem que a falta de equipamentos de mamografia não é o problema no Brasil. Ao analisar dados do SUS, o estudo constatou que 1.526 máquinas de mamografia estavam disponíveis em 2012. A capacidade desses aparelhos era de cerca de 7,74 milhões de exames por ano, pouco aquém dos 7,79 milhões de exames estimados necessários para atender as demandas da população. No entanto, o número total de mamografias realizadas naquele ano foi de pouco menos de 4 milhões.

 

Sobre a pesquisa*: Foram utilizadas quatro abordagens principais para a realização dessa pesquisa: (i) revisão de literatura; (ii) descrição de duas referências de benchmark de boas práticas no tratamento do câncer de mama para comparação com o município de São Paulo: um nacional e outro internacional; (iii) entrevistas com experts em câncer de mama em São Paulo e nas regiões de referência; (iv)